Designer, liderou uma empresa de design entre 1992 e 2017; atualmente dedica-se ao ensino e à investigação sobre design. Professor na Faculdade de Arquitetura da universidade de Lisboa e coordenador do grupo de investigação DHisto, no Centro de Investigação em Arquitetura, Urbanismo e Design.

Desde as sociedades primitivas que a música foi usada para momentos de sociabilidade, catarse coletiva e prazer. Mas o sonoro e o visual são dois mundos diferentes, que até ao século XX pouco se tocavam. Até à invenção da eletricidade a representação da música estava no visual das pessoas que a iam ouvir (e dançar), no espaço cénico e arquitetónico onde era executada, no acontecimento musical e numa linguagem gráfica especifica que foi inventada para a operacionalizar.

Como a invenção da possibilidade de reprodução do som, rapidamente se percebeu que a imagem poderia ter um papel muito importante: para além das anteriores dimensões, acrescentou-se os materiais que promovem o acontecimento musical, a embalagem dos suportes sonoros e, mais tarde, a imagem em movimento (videoclips) e outras dimensões (ex: concertos dentro de jogos de computador).

Hoje raramente ouvimos música, apesar de estar em todo o lado. "Descemos ao mais alto nível" na forma como nos relacionamos com a música que agora está no ginásio, no carro, no restaurante e café, como som de fundo no jardim ou da praia. Tornou-se ubíqua, não para que se oiça, mas para encher um vazio visual ( e social) que nem sabíamos que existia.

Esta conferência tem como objetivo falar da música e do design, da cultura juvenil (cuja criação se deve em grande parte à música), e no modo como o sonoro influencia o visual e vice-versa.